terça-feira, 4 de novembro de 2014

três minutos




Escrevo pra dar forma ao sentimento.
se não me levanto pra construir os versos
de manhã eles não existem mais.

não sei porquê nasci
não sou nada.
nem gorda
nem magra
meus cabelos não definem
em cor ou tamanho
vocação para beleza não tenho
mas nem pra ser feia
eu servi

meu corpo me domina
e as duas da manhã
levanto pra arrumar o colchão
e fazer um miojo.

como pode ser a vida

tão sublime e tão vulgar?
a boca que come miojo
comunga também o Corpo de Cristo.

descasca o esmalte na minha unha
na torre do Rosário tocam o sino 
essa cidade tem irmãs enclausuradas

se não há rapaz que me apaixone 
como as freiras,
por que eu insisto em pegar tantos copos? 

miojo é uma palavra indecente.
é a frase que minha mediocridade
concebeu para aqui concluir. 






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