domingo, 3 de junho de 2012

Eu.


Eu vivo a base de antialérgicos, meios sorrisos e muito silêncio. Alimentando-me de uma fé e esperança que parecem estúpidas diante desse nosso mundo covarde. Tentando produzir pérolas a base de muita dor. Dor esta que ninguém imagina a intensidade, e que constantemente, sinto. E minto, com o meio sorriso, ficando em silêncio. Para depois dormir, a base de muito antialérgico.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Esticafio.


Em busca do que é belo e vulgar. (Tempo de Pipa, Cícero)

Cresci vendo minha mãe agitar os tecidos entre as mãos. Com a habilidade de seus dedos curtinhos ela costurava uma infinidade de peças, vestidinhos, saias, blusas, capas de travesseiro, enquanto pregava na minha mente de menina vários significados. As pilhas de revista de moda e as cores vivas dos panos fluídos me encantaram tanto que decidi: quero ser designer de moda. Então, com muita confiança, entrei num curso de produção de moda no ensino médio.

Durante o curso percebi que meu encanto não era por confeccionar peças de roupa, mas sim a ideia de criar e dar vida as minhas ideias, retirando-as da mente. O gosto pela criação desviou-se para uma outra paixão: a escrita. Sempre gostei de ler e por volta dos 16 descobri que poderia me traduzir em linhas de versos. No começo, apenas uma forma de organizar uma mente extremamente confusa. Depois tornou-se um anseio por extravasar o excesso de sentimento que trago em mim.

Ainda no ramo das costuras, tecidos e máquinas, um detalhezinho estúpido - desses que costumam me fascinar -  me chamou a atenção um dia. Durante uma das aulas do curso técnico, estudávamos os nomes das peças da máquina reta e suas funções. Eis que me deparo com ele: o esticafio. Peça mínima que sobe e desce com uma velocidade que a faz escapar aos olhos, e tem exatamente a função que revela seu nome: esticar o fio da máquina.

O gosto pela a escrita e por descobrir a história das pessoas e lugares, me fizeram estacionar na meiguice deste lugar feito de pedras, sinos e tradição. Vim cursar Jornalismo em São João del-Rei, e a faculdade foi me inspirando a escrever cada vez mais. Vir para cá foi destruir conceitos e construir novas ideias, enxergar um mundo mais amplo. Lidar com a ausência, com responsabilidades pesadas para quem tem apenas 18 anos, conviver com a estupidez e a genialidade dos universitários.

Não servi para costurar tecidos, mas venho emendando sentidos com os meus versos. O esticafio é isso. Esticar fios preguiçosos da vida, arrebentar os que não agregam mais, tecer belas coisas com aqueles fios cheios de cores vivas.

Por isso espero de coração contar com a presença de vocês por aqui, para conferirem minhas crônicas, poesias e o que mais der vontade de escrever. Espero que ler meu blog possa ser uma parada para um respirar mais cheio de fôlego, um descanso poético da correria do dia-a-dia. Me contem o que gostaria de ler, o querem e o que não, e também se minha loucura é solitária ou se vocês estão nessa comigo.

A vida é feita de fios. Os seus se embolam, se organizam ou se rompem? Espero que descubra por aqui. ;)


por Sarah Rodrigues