segunda-feira, 17 de novembro de 2014

SOLAR






se fosse uma cor, amarelo.
um sentimento, euforia.
talvez um som? risadas.

quem conhece sabe
que está longe de ser
só a moça do cabelo bonito. 

há dezenove anos
esta terra
mais ou menos perdida
gargalhou com seu nascimento.
desde então ela não parou de rir.
fernanda goteja esperança
a cada amanhecer. 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

mamãezinha

nisto reside poesia:
descascar laranjas, 
enrolam-se em cheiro fresco
as cascas alaranjadas
espedaçadas pela minha pouca habilidade.

minha mãe dizendo:
"no natal o que gosto
é de imaginar o menino Jesus
neném!
ele peladinho, Maria dando banho,
o bebê molhadinho. 
que gracinha!"

Indo pegar o carro depois da missa
num domingo pouco fresco em divinópolis
Sueli fez poesia e nem notou

terça-feira, 4 de novembro de 2014

três minutos




Escrevo pra dar forma ao sentimento.
se não me levanto pra construir os versos
de manhã eles não existem mais.

não sei porquê nasci
não sou nada.
nem gorda
nem magra
meus cabelos não definem
em cor ou tamanho
vocação para beleza não tenho
mas nem pra ser feia
eu servi

meu corpo me domina
e as duas da manhã
levanto pra arrumar o colchão
e fazer um miojo.

como pode ser a vida

tão sublime e tão vulgar?
a boca que come miojo
comunga também o Corpo de Cristo.

descasca o esmalte na minha unha
na torre do Rosário tocam o sino 
essa cidade tem irmãs enclausuradas

se não há rapaz que me apaixone 
como as freiras,
por que eu insisto em pegar tantos copos? 

miojo é uma palavra indecente.
é a frase que minha mediocridade
concebeu para aqui concluir.