sábado, 21 de dezembro de 2013

mas que poema absurdo, gente

queria ser uma cereja.
esperava que quem a mastigasse,
o fizesse com paixão.

tinha olhos grandes demais pra ser má,
e quadris cheios demais pra ser boa.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Acorde sol.


 "É que a partir de hoje,
a confusão do tempo,
a cobrança da hora,
o coração na esmola"

É, gente. Nunca pensei que as notas soando no violão do Conrado pudessem ser tão dolorosas. Ouvi-las me transporta àquele corredor, uma da tarde, mais ou menos. O sol no meio do céu,uma preguiça boa, um violão, uns amigos... cada nota torna-se uma flecha no peito, quando se percebe que essa cena não se repetirá mais.

Não vamos mais ouvir Dias de Truta no meio do corredor, nem correr para não pegar fila para o almoço, comemorar quando é peixe e reclamar da carne moída. Não vamos ouvir uma boa filosofia do Rayner, nem brincar com a pretinha. Não vamos vigiar mais os jogos do flamengo para atormentar o Miguel, nem jogar conversa fora no corredor durante os intervalos. Não teremos mais calouros, ou pré-calouros para chamar de burro. Passaram-se as fases de estudar desesperadamente para somativa, de estudar mais ou menos para somativa, e a de dar um mala para somativa. Ir na outra sala perguntar da prova, deitar no colo de alguém no corredor,pedir calculadora científica emprestada, medir dinheiro em "almoços", implorar paçocas... 

Pensar que foram três anos me parece muito irreal. Ontem, éramos pirralhos medrosos, apavorados com nossos veteranos tocando um terror que nem existia realmente. A sensação era de estar em cima de uma corda bamba. Com quinze anos ainda se é uma criança despreparada, e de repente, nos lançaram numa liberdade impensada em outras escolas, mas numa rotina frenética também desconhecida.Deram-nos asas sem ensinar a voar. 

Foi difícil.A gente nem sabia quem era, ou o que queria ser. Vocês choraram? Eu chorei. Alguns desistiram.Aprender a voar sozinho não é fácil, mas sem dúvida gratificante. Ao longo desse tempo, nos construímos e reconstruímos.Sensações foram dispertas, descobertas foram feitas.Ralamos os joelhos, rimos, choramos, sofremos, aprendemos... Crescemos.

Apavorados com veteranos, apavorados com somativa, apavorados com vestibular, e finalmente, apavorados com a vida. Afinal de contas, o que acontece agora? Não vamos mais acordar às seis reclamando da aula até às cinco e meia da tarde, e ter como preocupação principal os trabalhos e provas.É hora de construir um futuro, entrar em um novo ciclo.

Começar tal ciclo implica finalizar o anterior. E fins, são inevitavelmente dolorosos. 

Se eu não tivesse a confiança num futuro no qual vocês estarão presentes de outras maneiras, essa despedida seria insuportável.A beleza dos laços que construímos não cabe nas minhas palavras.Nunca pensei que pudesse conviver com pessoas tão únicas. Sim, essa é a palavra que melhor define cada um de vocês. A gente se acostuma tanto com as pessoas-padrão que encontramos por aí, o mundo anda tedioso de tanta igualdade! Conviver com vocês é um privilégio nesse sentido, obrigada por não seguirem a lógica! 

O que há em mim além dessa saudade antecipada de tudo o que vivemos, é um agradecimento enorme. Foi um privilégio conhecê-los e poder me construir junto com vocês. Cada conversa de corredor, cada piada idiota, cada um de vocês, estão para sempre gravados no meu coração.

Acho que podemos afirmar que já provamos um pouco do amargo e do doce da vida nesse tempo. Agora,é hora de deixar as lágrimas escorrerem com um sorriso grato no rosto. Hora de pisar terreno incerto mais uma vez, certos de que nossa ligação não se romperá apesar da distância. Descobrir um pouco mais da dureza e do incrível da vida, engolindo seco o medo e a insegurança da fase. Sobreviveremos, amigos. Sobrevivemos ao Cefet! 

E quando a gente se esbarrar por aí,mesmo que completamente reformulados pela novidade constante da vida, eu tenho a certeza de um abraço apertado, de um sorriso sincero, e de um brilho vívido nos olhos que se recordam da lembrança de um tempo bonito demais para ser esquecido.

Muito obrigada, queridos. Por tudo. Desejo a vocês os amores mais autênticos, as sensações mais intensas, as risadas mais barulhentas, as mais lindas filosofias e uma loucura constante. Não nos restam muitas opções.  É só deixar a fé da boa vida cuidar de nós.