domingo, 27 de janeiro de 2013

“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos”.

Quem de nós será o cordeiro? Quem de nós será o lobo? Há um lobo caminhando na pradaria verde e saudável de cada ser. Nunca se sabe o quanto ele a vai devastar. Somos lobos em pele de cordeiro? Ou talvez, cordeiros em pele de lobo? Ou quem sabe só almas vagantes demais, com espaço suficiente para subsistência de um lobo e de um cordeiro que entre o desequilíbrio da luta, ardorosamente tentam alcançar seu equilíbrio. Há quem cedo reconheça a necessidade da harmônica convivência das partes, há quem passe uma vida inteira tentando matar um, ou outro lado. Há quem se construa. Há quem se destrua. Há quem se abstenha. Há quem não se importe. Há quem não se “há”. Perderam-se em se encontrarem. Todos eles, todos nós. Eu não estou no eles, eu não estou no nós. Eu só estou. Eu, e Deus. É por isso que nunca me encontro. Gosto de flutuar por aí.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

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A dor excede o corpo que não a compreende.
na lágrima seca, na agonia latente
Quero que vás, mas não deixo-te ir
deixe-me só seus porquês
e feche a porta antes de sair.

sábado, 5 de janeiro de 2013

És um senhor tão bonito...



Oh senhor tempo! Estenda-me os braços por um instante, apenas. 
Na levada desta brisa macia, anseio abrir em ti uma fenda e deixar-me levar. 
Siga desenrolando-se, mas permita-me ver o desenrolar das nuvens, o balé dos pássaros
 e sentir o toque de tão carinhoso vento, 
este mesmo que me fez parar para escrever um pouco e amar demais.
Não me sejas tão cruel, dá-me a graça de viver todos os meus minutos de eternidade! 
Pois parte de mim te ama, já que tu me permitistes ultrapassar os tropeços do amadurecer, 
enquanto outra despreza-o por ter sido o senhor, o ladrão de tanta leveza, inocência e doçura, 
que agora jazem enterradas, 
despertando-me a nostalgia dos meus dias de fada.