segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Onipresente

Quando deito na cama
pra dormir
gosto de pensar que estou
na concha da mão de Deus
que me nina
a sorrir

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ô, meu Senhor...

E como eu poderia ficar aqui, e não me comover com você?

ô Senhor, 
me volta uns dois anos e meio, 
me deixa chorar 
assistindo o teatro do grupo de jovens.

me deixa sofrer só um pouquinho
e ouvir falarem do amor de Deus
pela trilhonésima vez,
deixa uma mão boa pousar no meu ombro
e rezar por mim. 

quero voltar Amado, 
por uma blusa de malha com dizeres religiosos,
amarrar um rabo sem vaidade, 
por jeans, tênis
e dançar 
"quero louvar-te, sempre mais e mais"

deixa eu viver de novo
pelo Teu próprio Amor,
que enjoei desta carne miserável
lembrando
que não sou digna
da boniteza
do teu Infinito Amor.




terça-feira, 9 de setembro de 2014

?...


quando me deixaram
fechei uma prova
quando nasceram
Nathan e Felipe
descobri em mim
uma dolorida e absurda
capacidade de amar

quando vejo o azul
dos olhos da minha vó
quero que virem um mar
de sofás, café, e terços
rezados com devoção
ansiando beber
essas gotas de felicidade
que perdi em são joão.

quando. 
quando você vem?


domingo, 7 de setembro de 2014

faculdade

enquanto o professor
reduz-me a um complexo de Édipo
mal resolvido
eu penso
que se os universitários são o futuro do país
estamos todos perdidos
com estes poços
de álcool e superficialidade

prova, trabalho, prazo.
o ser humano engaiolou a vida desta forma
com que propósito?

estou pensando demais.
se me dessem um pote de paçocas,
eu parava.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A estrada

Quando se vai
de Divinópolis para São João del Rei
passa-se
pelo ribeirão Boa Vista
e o ribeirão Mamdembo
o segundo
gordo de emes.
Cruza-se
com o Rio do Peixe
e a esquerda em certo ponto
encontra-se o povoado
Félix da Costa.
lugarzinho de poucos postes
(penso eu)
onde estão apenas filhos,
netos
de ilustre senhor Félix.
"parece feliz da costa"
brinca uma amiga.
e eu penso
que a vida lá
deve ser uma felicidade tremenda mesmo.

Um caminhão passa com a seguinte frase:
"eu quero, eu luto, eu consigo"
vaquinhas malhadas pastam ao redor
ipês pomposos de amarelo
chamam os olhos
no carro toca:
"só me fala onde
que eu vou te buscar agora"
Meu organismo não medicado
enjoa,
mas a alma vai feliz:
passa-se pela estrada Divinópolis - São João del Rei
mas ela não costuma
passar por a gente.