terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Em 2016, que tudo permaneça


Em 2016, só a Letícia foi a bêbada mais sensacional de São João del-Rei, fundando idiomas e lugares, gritando onde não deveria gritar. Só o Fael apareceu raríssimas vezes, mesmo morando na mesma cidade e estudando na mesma universidade, para me matar de rir falando que caiu no bueiro sem estar tonto. Só a Luana conseguiu me divertir com seu constante estado de vida caótica, multiplicando as 24 horas do seu dia por mil, transformando crises emocionais em degraus, e me fazendo pensar que, se eu quiser,  também posso ser mais e melhor. Só a Rafa coloriu a minha vida com suas tranças longas, seus filtros dos sonhos, a sinceridade do seu jeito de ser e seus abraços cotidianos, que me enchiam de alegria. Só o Samuel me encantou com seus cachinhos e capacidade de conseguir café, sendo uma das poucas pessoas capazes de achar a melodia na minha arritmia existencial. Só a Mai foi um aconchego em Divinópolis, lugar para onde eu vinha e a gente fazia festinha do pijamas juntas - eu ria das ideias românticas dela (que nenhum babaca conseguiu destruir ainda) e me sentia de novo com treze anos. Só o Vitin racionalizou a bagunça emocional que crio na minha mente apenas pela necessidade de drama - "Cê não presta, Sarah.". Só o Chico me ensinou que, para se fazer jornalismo é necessário paixão, vontade, e, acima de tudo, jogo de cintura. Só o Jederson mirabolou mil ideias de documentário pra gente fazer, me ouviu reclamar de filmes bons, e errou as letras do Cícero junto comigo, pelo excesso de álcool. Só o Bruno Boss conseguiu divertir o estágio quando chegava cantando sertanejo. Só a Fernanda me permitiu ser um pouco mais feliz por me ajudar a descobrir que, o importante é a rosa - ela que constantemente me ajuda a cultivar as minhas. Só minha vó desceu a escada curvadinha como ela está, para avisar: "fia, coei café". Só o Kleyton Guilherme chegou na assessoria me chamando de Sarah Rodrigues. Só o senhor Paulo, nas minhas visitas ao albergue, me fez entender que, é imensurável o bem que posso fazer se me dispor a gastar o mínimo do meu tempo com meu próximo. Só o Lucas colocou em mim um estado de infinita saudade, ele que voltou mas não apareceu com aqueles olhos pretinhos. Só a Marina Machado me divertiu com sua risada engasgada. Só morar na Desapego me deu as irmãs que nunca tive. Só minha comunidade, igreja Imaculada Conceição, as músicas bonitas da missa e eu na fila pro frei aspergir água benta me fizeram entender que, sou sim gado de Deus. Só o João me fez companhia quando eu não pude mais lidar com minha incurável solidão. Só a Lays compartilhou crises de curso: estágio, projeto, e chegou a seguinte conclusão junto comigo: isso não é uma vida.Só a Najla mereceu que eu descesse um morro meio embriagada, só para não passar o ano sem poder abraçar aquela miudinha. Só a Cássia foi meu carinho e cuidado, a compreensão necessária sobre minha dificuldade em me apaixonar. Só a Bárbara foi a mesma amiga de dez anos atrás, que senta na minha cama em dias quentes e me ouve falar e falar incansavelmente. Só a equipe do Inverno Cultural - este espetáculo no frio que aqueceu até derreter minha alma- me fez perceber que, jornalismo é o que quero, jornalismo é o que sou, e a arte salva mesmo o mundo. O ser humano é impressionante. Algumas pessoas nos cativam diariamente com o tom de voz ou trejeitos, talvez a simples forma de coçar a cabeça. Outras trazem seu encanto algumas vezes por ano, É sorte encontrar esse tipo de gente.

Só.

Só as pessoas do meu ano foram tudo. Sinceramente? Foi tudo tão incrível que quero que do dia 31 pro 01, seja apenas a mudança de um dia pro outro. Obrigada por tudo.