sábado, 9 de agosto de 2014

São João del Rei


São João del Rei me mata
com suas igrejas barrocas
pesadas de ouro e suor escravo

São João del Rei me mata
com seus universitários barulhentos
extasiados com sua própria miséria

São João del Rei me mata
com seu frio cortante
com minha casa escura
com o estreito de suas ruas
com os cheiros de vó, café, e mato
que não tem

São joão me futiliza
fadiga
esfria
animaliza
impacienta
me cobra mais do que posso dar
assassina meu eu poético

São joão me mata ao amanhecer
e antes de dormir me faz lembrar
que eu
adoro morrer


Jornalismo

Meus professores estão tão apaixonados
por aquilo que eles não sabem
mas eu sei
que é a vida

"O filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça"
o jornalista também não
Nesse curso só se fala em paixão

é por isso que estou aqui
um amor desatinado
deve ser isso que mora em mim.