São João del Rei me mata
com suas igrejas barrocas
pesadas de ouro e suor escravo
São João del Rei me mata
com seus universitários barulhentos
extasiados com sua própria miséria
São João del Rei me mata
com seu frio cortante
com minha casa escura
com o estreito de suas ruas
com os cheiros de vó, café, e mato
que não tem
São joão me futiliza
fadiga
esfria
animaliza
impacienta
me cobra mais do que posso dar
assassina meu eu poético
São joão me mata ao amanhecer
e antes de dormir me faz lembrar
que eu
adoro morrer